28 de dez. de 2010

O Chrome OS pode morrer na praia?

Listamos os motivos pelos quais a primeira tentativa da Google no campo dos sistemas operacionais pode falhar.



No campo da tecnologia, poucas empresas conseguem competir em eficiência e fama com a Google. Seja no campo de pesquisas, vídeos ou até mesmo navegação por meio de imagens captadas por satélites, poucas companhias podem se orgulhar de ser tão bem-sucedidas em campos tão diferentes entre si.

Porém, isso não significa que a Google não tenha seu histórico de derrotas. Exemplo disso é o Google Wave, ferramenta colaborativa que não atraiu muito a atenção e teve o suporte encerrado pela empresa. Até mesmo o famoso Orkut pode ser considerado como um tropeço na história da companhia – ao menos se comparado ao sucesso global alcançado pelo Facebook.

Baseado na ideia de que a maioria dos usuários está conectada o tempo todo à internet, o Chrome OS é um sistema operacional bastante diferente do usual. Mas será que toda a inovação do produto vai ser bem-sucedida ou os obstáculos existentes tornarão este mais um item para a lista de falhas da Google?

Reunimos neste artigo alguns dos motivos pelos quais o Chrome OS pode dar errado. Lembre-se de que todas as informações aqui contidas são baseadas nas informações liberadas pela Google, e o produto final pode trazer surpresas que não foram previstas.

Confiança excessiva na Nuvem


É inegável a comodidade que os aplicativos baseados na Nuvem trouxeram para o dia a dia. Ouvir músicas, editar textos e até mesmo modificar arquivos de áudio podem ser feitos de maneira fácil, sem ter que ocupar o disco rígido com nenhum arquivo. Isso não só facilita o acesso às produções em qualquer lugar, como permite o trabalho em máquinas menos poderosas.



Porém, confiar demais em aplicativos baseados na internet pode trazer riscos para a privacidade do usuário, como alertou o pai do GNU, Richard Stallman.Exemplo maior disso é a polêmica em torno do site Wikileaks, que mostrou que conteúdos não aprovados pelos governos mundiais não têm muita chance de se manter facilmente em um mundo online.

Utilizar um sistema operacional focado quase que exclusivamente em aplicativos baseados na internet significa fornecer cada vez mais dados confidencias a empresas. Em países como os Estados Unidos, isso significa abrir mão de certos direitos constitucionais, praticamente dando carta branca para que grandes corporações e o governo façam o que quiser com os dados fornecidos.

Armazenar informações na internet também pode ser um prato cheio para criminosos virtuais. Afinal, uma invasão em um serviço online compromete não só os dados de login dos usuários, mas todos os documentos lá armazenados, que podem incluir desde simples trabalhos escolares até relatórios confidenciais sobre empresas.

Dependência de boas conexões

Embora a maioria dos usuários que trabalham frequentemente com o computador esteja conectada o tempo todo, isso não significa necessariamente que todos tenham um sinal de qualidade. Especialmente no Brasil, em que a infraestrutura e os preços não permitem que todos tenham acesso a velocidades altas de conexão, isso pode significar problemas.

Imagine editar um texto completamente, e na hora de salvar o documento descobrir que essa ação não é possível? E tudo porque a conexão com a internet falhou, jogando fora horas de trabalho. Tudo bem, isso também acontece com editores de texto baseados no desktop, mas o que é mais comum: a internet sair do ar ou acontecer um apagão de luz? Lembrando que programas instalados geralmente têm recursos de recuperação automática.

Isso sem contar com a própria instabilidade dos servidores. Até mesmo empresas grandes como o Google já se depararam com períodos em que, devido a problemas técnicos, não era possível utilizar seus serviços. Isso pode significar não ter acesso a documentos importantes no horário de uma apresentação, situação que, além de desagradável, pode custar empregos.

Leis contra monopólio

Assim como a Microsoft teve problemas ao oferecer o Internet Explorer junto do Windows, a Google pode ter que enfrentar obstáculos judiciais em seu sistema operacional. A empresa leva a integração de seus produtos a limites nunca vistos antes – não só o sistema operacional é da empresa, como todos os demais serviços.

Isso já chama a atenção da União Europeia, que investiga a empresa pela promoção injusta de seus serviços. Caso a companhia seja forçada a oferecer acesso a ferramentas online dos competidores, o uso do Chrome OS vai se tornar mais bagunçado. O resultado vai ser um duro golpe na imagem do produto, atualmente um sinônimo de simplicidade e integração eficiente de recursos.

Android


Provavelmente o maior obstáculo enfrentado pelo Chrome OS seja um produto desenvolvido pela própria Google. O Android não só é uma plataforma popular para celulares como ganha cada vez mais espaço no mundo dos tablets. O resultado é uma transformação cada vez mais rápida do sistema operacional em uma solução eficiente também para uso em desktops.


Em um cenário assim, é pouco provável que os desenvolvedores abandonem os esforços empregados em um produto bem estabelecido para investir nos aplicativos baseados exclusivamente na Nuvem do Chrome OS. Isso sem contar que o Android possui uma ótima integração com todos os serviços da Google, situação que torna o novo sistema operacional redundante em muitos pontos.

Paul Bucheit, que tem em seu currículo a criação de produtos de sucesso como o Gmail, é um dos que não acredita no futuro do Chrome OS. Para ele, a novidade faria mais sentido como um complemento para o Android – que, segundo ele, deveria ser o foco único da empresa no desenvolvimento de um sistema operacional próprio. Segundo suas previsões, o novo produto será um fracasso, e deve sumir do mercado já em 2011.

Sua opinião

E você, o que acha do Google Chrome OS? O sistema operacional tem potencial ou vai ser mais uma ideia a morrer na praia? Deixe sua opinião em nossa seção de comentários.

Matéria cedida por: Baixaki